Os Amantes de Catarina A Grande
A vida privada e animada da grande imperatriz da Rússia.
Quando pensamos na nobreza, os monarcas, reis, príncipes e princesas, acreditamos que eles são o perfeito exemplo moral para seu povo, mas, isso nem sempre foi verdade. No passado muitos exageros eram cometidos por famílias aristocráticas, nobres e até mesmo pelos papas, tanto no exercício do governo de seus países e territórios quanto em suas vidas pessoais. O exemplo moral que os papas e as famílias reais alegam exercer é algo muito recente na história da civilização humana.
As famílias reais, em geral, começaram a se apresentar como exemplos morais para a sociedade depois dos primeiros monarcas esclarecidos, e, principalmente, depois que conceitos como liberdade de expressão e liberdade de imprensa se tornaram populares, depois que os jornais começaram a publicar fofocas e imagens, e depois que as pessoas começaram a discutir as teorias de Marx no inicio dos anos de 1870. Enfim, são muitos fatores que influenciaram essa mudança de contexto na forma como as famílias nobres viviam suas vidas pessoais.
Este texto trata da vida pessoal da imperatriz viúva da Rússia, Catarina a Grande, que, de acordo com o ponto de vista pode ser considerada regente ou usurpadora do trono. Seu governo, embora não completamente, se apoiou em bases iluministas e ainda hoje é chamado de “idade de ouro da Rússia” e a imperatriz foi considerada uma grande mecenas, mas, em sua vida pessoal, apresentada neste artigo, não podia ser considerada exemplar sob nenhum aspecto.
A vida privada de Catarina a Grande
Catarina, a Grande foi imperatriz da Rússia de 1762 até sua morte em 1796. Ela nasceu em 1729 na Polônia e em 1744 foi levada para a Rússia para se casar com o jovem Grão Duque Pedro que era o herdeiro do trono imperial. Durante os primeiros sete anos do casamento Pedro passou o tempo com soldados e cães e não demonstrou nenhum interesse sexual por Catarina. A verdade é que Pedro tinha uma deficiência física, um prepúcio muito apertado, o que pode ter desempenhado um papel importante no seu desinteresse pelo sexo com Catarina. Depois de sete anos casada, a imperatriz Isabel, mãe de Pedro, deu sua permissão para que Catarina tivesse um amante, o que aconteceu bem rápido, e ela logo engravidou. Ela convenceu Pedro de que ele era o pai da criança, esse era o plano desde o inicio.
É preciso esclarecer a situação dizendo que quando Catarina começou a se encontrar com outros homens, Pedro foi circuncidado para que pudesse realizar o ato sexual mas sua esposa nunca mais deixaria de ter seus encontros amorosos fora do casamento.
Catarina gostava muito de jovens soldados e mandou construir uma área especial em seu quarto para receber seus amantes. Gregory Orlov foi seu amante e foi o que permaneceu com Catarina por mais tempo. As fofocas da corte diziam que ele possuía “um excelente equipamento”, “inacreditável resistência” e “um apetite insaciável por sexo”.
Quando Pedro e Catarina subiram ao trono depois da morte da imperatriz Isabel, em 1761, Catarina ganhou ainda mais confiança. O comportamento infantil e irracional de Pedro era irritante para ela ela, assim como para as outras pessoas na corte. Em junho de 1762 o Imperador Pedro III foi assassinado pelos irmãos Orlov em uma conspiração liderada por sua esposa que agora era a única governante. Catarina finalmente estava livre para se divertir ao máximo.
Ela teve muitos amantes ao mesmo tempo e eles esperavam pacientemente até serem chamados para servir a imperatriz no local e da forma que ela desejasse. Se ela não ficasse satisfeita eles eram expulsos do palácio, mas antes recebiam uma soma considerável em dinheiro.
Devido ao medo de Catarina em contrair doenças, seus jovens eram cuidadosamente examinadas pelo médico da corte, em seguida, eles eram enviados para a condessa Bruce que os entrevistava e informava sobre as coisas que a imperatriz gosta e não gosta na cama. Por fim, a condessa Bruce devia “testar” os rapazes para garantir que eles eram exatamente tudo o que diziam e aparentavam ser. Só então eles seriam enviados para um conjunto de salas, onde uma caixa com 100.000 rublos estaria esperando por eles, como um presente pelos serviços que eles estavam prestes a render para a sua imperatriz.
Naquela mesma noite, o jovem seria apresentado a corte, seria um dos acompanhantes da imperatriz e às dez horas eles iriam se retirar para o quarto dela. Depois de alguns anos, as paredes do quarto da imperatriz ficaram cheias de retratos em miniatura dos seus amantes.
Além do dinheiro, muitos amantes de Catarina receberam títulos de nobreza quando ela se cansava deles e os dispensava. Alguns receberam terras, empregados e presentes valiosos, muitos deles se tornaram homens muito ricos. Gregory Orlov foi o amante que permaneceu mais tempo com Catarina, eles já eram amantes em 1759 e, pouco depois de subir ao trono, a imperatriz o presenteou com um palácio em São Petesburgo. Além do palácio, Gregory Orlov e seus três irmãos receberam títulos de conde, extensas áreas de terra e muitos presentes luxuosos.
Catarina gostava muito de Gregory Orlov, que era o pai de um dos filhos dela, mas ele se mostrou incompetente em política e como conselheiro. Haviam comentários sobre um casamento secreto entre os dois mas eles não eram verdadeiros. Em 1772, ao descobrir os casos de Gregory Orlov com outras mulheres, a imperatriz o dispensou com uma rica pensão. Gregory Orlov foi logo substituído por Gregory Potemkin como o amante preferido de Catarina.
A imperatriz Catarina ficou famosa pelos móveis decorados com motivos sexuais que encomendou, alguns dos quais ela mesma ajudou a desenhar. Essa coleção de artes decorativas da imperatriz atualmente está em exposição no museu Hermitage, em São Petersburgo. Entre as peças estão grandes móveis de madeira como mesas e cadeiras, objetos pessoais, sabres, porcelanas, pratarias e espelhos, tudo explicitamente decorado com motivos sexuais onde vaginas, pênis e representações de felação e de atos sexuais aparecem com destaque em entalhes e esculturas nos móveis ou como pinturas nas porcelanas.
Com esse estilo de vida não é de se admirar que houvessem muitos boatos sobre a imperatriz, a grande maioria eram mentiras que falavam sobre casamentos secretos entre ela e seus amantes ou sobre a legitimidade de deus filhos, mas alguns desses boatos, mesmo sendo mentiras caluniosas, são muito interessantes e nos ajudam a ter uma visão mais completa sobre a fama de Catarina em sua época.
Talvez o boato mais famoso seja o que conta as relações zoofílicas da imperatriz. Na verdade é impossível saber se Catarina teve mesmo alguma relação sexual com um animal em alguma parte da sua vida, não existe qualquer prova de que isso tenha realmente acontecido mas seu estilo de vida e sua personalidade não nos permitem duvidar inteiramente. No entanto, devido a falta de provas, esses casos são descartados pelos historiadores sérios.
Quando a imperatriz morreu os boatos tomaram proporções ainda maiores, ela era chamada de prostituta e muitos diziam que ela morreu enquanto estava tendo relações sexuais com um amante, outros contavam que a imperatriz morreu enquanto fazia suas necessidades no vaso sanitário, o boato que acabou se espalhando e que muitas pessoas ainda acreditam, é o que diz que Catarina morreu esmagada por um cavalo enquanto tentava fazer sexo com o animal.
Na verdade, a imperatriz Catarina teve um AVC e desmaiou enquanto estava se vestindo, ela entrou em coma e os médicos não tiveram sucesso em reanimá-la, um dia depois, em 17/11/1796, aos 67 anos a grande imperatriz viúva da Rússia morreu.
Seu testamento exigia que o luto durasse seis meses, nas palavras dela: “quanto menos tempo melhor”. Ela pedia para ser enterrada usando um vestido branco e uma coroa dourada com o seu nome gravado, e assim foi feito, com exceção do vestido que era feito de brocado prateado.
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